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News & MediaNewslettersA (DES)EVOLUÇÃO DO IMOBILIÁRIO PÓS-COVID

17 de Junho, 2020

Após um dos piores cenários pandémicos do mundo, surgem agora diversas questões e um futuro incerto, também para o Imobiliário.

Este setor foi um dos que recebeu luz verde do Governo para retomar a atividade na primeira fase do plano de desconfinamento do país. Embora não seja ainda possível ter a certeza de qual o verdadeiro impacto desta pandemia, nomeadamente neste setor, sabemos que numa fase pré-Covid, o mercado imobiliário estava a atingir recordes históricos em venda de casas, com os preços muito acima do que seria expectável. Agora, não podemos negar que o pós-Covid veio criar uma grande incerteza em todos nós.

Que nova normalidade é esta e que impactos terá no setor imobiliário português? Do ponto de vista económico, já é sabido que haverá uma recessão significativa. No entanto, e relativamente ao nosso país, o impacto será bastante diferente da crise anterior, já que esta pandemia afeta o mundo de um modo global e, pelo menos, até agora, Portugal tem–se portado minimamente bem na gestão da mesma, quando comparado com outros países.

Antecipa-se que, num curto prazo, os setores mais fustigados serão aqueles que tiveram uma recuperação mais forte há cerca de cinco anos, ou seja, todos os que, direta ou indiretamente, se movem no setor do turismo, ou seja, hotéis e outras modalidades de alojamento; comércio local, designadamente em zonas turísticas; e centros comerciais. De qualquer modo, os impactos no mercado imobiliário serão significativos.

No setor da habitação, antecipa-se uma transformação dos atuais alojamentos locais em arrendamento de longo prazo, implicando isto, à partida, uma consequente descida de preços devido ao aumento da oferta.

Nos escritórios, as empresas aprenderão a racionalizar melhor o seu espaço, por chegarem à conclusão que, como o teletrabalho funciona, não necessitam de tantos postos de trabalho físicos.

O setor mais beneficiado será o da logística, dado o aumento de peso do e-commerce na sociedade.

Mas as melhores notícias são, muito provavelmente, a manutenção de juros baixos por mais tempo, o que permite antever, no médio a longo prazo, uma recuperação relativamente rápida da economia.

Portugal é um dos países beneficiados pelo aumento do teletrabalho, o que poderá estimular a fixação de mais estrangeiros no nosso país. Vemos a era digital expandir-se através da informática e da tecnologia, que têm um papel fundamental em tornar o teletrabalho, bem como as demais ferramentas a ele associadas, cada vez mais eficazes.

Veja-se a possibilidade de comprar e vender imóveis à distância de forma viável; outorgar escrituras públicas à distância, através da internet; os notários e as agências imobiliárias passarem a ter acesso direto à informação predial simplificada dos imóveis; entre outros, são novas formas de adaptação a esta nova realidade e que tornam o setor mais atrativo, desde que assegurem os parâmetros de segurança e qualidade, como é expectável que aconteça.

Mas nem tudo é tão bom ou positivo. Num país em que o turismo representa uma parte consideravelmente importante na economia, este impacto já se está a refletir no desinvestimento que se projeta como um impacto negativo no investimento total estrangeiro a entrar em Portugal.

Acresce outro aspeto negativo que é a perda de poder de compra. Estima-se que muitas famílias se verão impossibilitadas de cumprir os seus compromissos financeiros devido ao aumento da taxa de desemprego, logo terão menos possibilidades de comprar casa.

As agências imobiliárias também sofreram um impacto significativo. Desde logo, estiveram de portas fechadas atentas as restrições impostas devido à pandemia, e tiveram que lidar com a quebra de rendimentos e de investimento. Cerca de 29% das agências imobiliárias consideram apenas ter capacidade financeira para suportar mais um mês nas atuais circunstâncias. Para 47% das agências, o período máximo de viabilidade com a atual situação é de dois a três meses.

Perante este cenário, a resiliência e capacidade de adaptação serão, na opinião dos especialistas, os trunfos capazes de ajudar a atravessar este período de turbulência. Esta poderá mesmo ser uma oportunidade para fazer a diferença e não cair no esquecimento.

 Melhorar a credibilidade e ampliar a visibilidade continuam a ser premissas válidas para fazer negócios.

O marketing e comunicação assumiram, ainda mais, um papel fulcral, também no setor imobiliário. Estes devem estar mais presentes para dar apoio, esperança e criar empatia com a comunidade neste momento difícil e único. O contacto direto, seja via telefone ou vídeo é essencial para manter ações de prospeção de leads e acompanhamento da carteira de clientes.

Por fim, e para termos uma melhor imagem do que está para vir, a Consultora Knight Frank apresentou uma primeira análise sobre o impacto da pandemia no imobiliário de luxo, avaliando a evolução de preços nas 20 principais cidades do mundo e concluiu que Lisboa é uma das cidades onde os preços ainda deverão subir em 2020. Prevê esta Consultora, também, que Londres e Lisboa liderarão o crescimento no próximo ano, com um aumento de preços superior a 5%.

Já a Savills analisou as principais tendências estabelecidas para determinar a futura atividade global de investimento imobiliário. Nas palavras de Paul Tostevin, World Research Director da Savills e colíder do programa Impacts): “[e]m tempos de adversidade, o setor imobiliário é percebido como um porto seguro. Com as taxas de juros em níveis mínimos, ainda resta muito capital a ser alocado, principalmente de investidores institucionais que precisam de procurar no exterior para cumprir as suas alocações. As mudanças estruturais identificadas pelo Impacts trazem oportunidades: capitalizar com a disrupção do e-commerce através do redireccionamento do retalho, oportunidades de avanços científicos e economia do conhecimento através de um setor de ciências da vida em rápido crescimento, e até oportunidades no âmbito de alterações geopolíticas através de alterações geográficas decorrentes da guerra comercial dos EUA / China. Estes são os pontos críticos anteriores ao Covid-19, mas a recente pandemia significa que algumas dessas mudanças no setor imobiliário podem agora ter um impulso extra por trás delas”.

Por seu lado, Hugo Santos Ferreira, da APPII, acredita que o mercado imobiliário nacional pode vir a ser dos primeiros setores capazes de superar a atual situação em que nos encontramos, mas para isso, “é preciso não deixar este sector à sua sorte, deixando algumas empresas menos bem preparadas ou de menor dimensão morrer”.

E segundo um inquérito realizado pelo site Idealista, 83% dos profissionais do setor continuam a trabalhar a partir de casa. E mais de metade (51%) dos inquiridos referem ter aproveitado o confinamento para fechar operações pendentes. A formação (47%), atualização da carteira de imóveis (46%) e tarefas de fidelização de clientes (43%) são outras das principais atividades indicadas. E 17% dos profissionais aproveitaram para angariar novos imóveis para comercialização após o fim do confinamento.

A verdade é que a ideia de que o futuro é incerto e turbulento, pode vir a tornar-se numa oportunidade para o setor. Apesar de todo o impacto que se fez sentir devido ao Covid, as estatísticas e as previsões do futuro, traçam uma nova fase que, na generalidade das opiniões, é positiva e deve ser encarada de forma otimista.

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