No mundo da advocacia existem inúmeras associações e organizações profissionais transnacionais que, mais sectoriais ou mais genéricas, conseguem de qualquer das formas representar um grande número de países e de sociedades de advogados com alguma expressividade territorial. No entanto, associações verdadeiramente globais existem em número muito mais reduzido e, especificamente na Europa, o protagonismo associativo cabe quase na sua totalidade à Union International des Avocats (UIA).
A UIA é uma organização global e multicultural criada em 1927 e que actualmente reúne mais de dois milhões de advogados, graças aos seus membros individuais ou colectivos (associações profissionais de advogados) presentes em mais de 110 países, promovendo o desenvolvimento profissional, a criação de redes profissionais e a partilha de conhecimento.
Estando aberta a todos os advogados do mundo, desde juristas, juízes, docentes e estudantes de direito, a UIA é a única grande organização internacional de advogados verdadeiramente plurilingue e multicultural, tendo como idiomas de trabalho o francês, o inglês e o espanhol.
Mais relevante ainda é o seu papel de “defensora da defesa”, protegendo todos os advogados perseguidos ou ameaçados no mundo e denunciando assiduamente todos os obstáculos que impeçam o bom funcionamento da justiça e das associações profissionais de advogados legalmente constituídas. Tanto assim é que, desde 1971, a UIA, na sua qualidade de ONG, possui um estatuto consultora especial perante as Nações Unidas e a União Europeia.
As relações entre Portugal e a UIA são já antigas, pois em 1959 Adelino da Palma Carlos foi eleito presidente da associação e em 2003 realizou-se em Lisboa o Congresso Anual. No entanto, este ano a presença portuguesa torna-se especialmente relevante por termos como actual presidente da UIA o português Pedro Pais de Almeida e recebermos na cidade do Porto a reunião magna dos advogados.
Naturalmente, a Antas da Cunha Ecija não faltará ao congresso do Porto (entre os dias 30/10 e 03/11), acreditando que o facto de se realizar em território nacional será um óptimo incentivo para estimular mais advogados portugueses a fazerem parte da UIA.
É de salientar que os temas principais deste ano (“A prática jurídica na era digital” e “Os desafios legais face às formas modernas de escravidão”) são especialmente relevantes no nosso dia-a-dia profissional. Tendo a advocacia já entrado na era digital, é realista pensarmos que um dia seremos substituídos por computadores? Veremos o que será discutido nas sessões de trabalho do Congresso, para o qual desde já convido todos os nossos colegas.