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News & MediaO Impacto da Utilização da Inteligência Artificial nos Videojogos

20 de Maio, 2025

 

A utilização de inteligência artificial (IA) em videojogos proporciona experiências mais imersivas, desafiantes e personalizadas para os jogadores. Através da IA, é possível programar comportamentos e tomadas de decisão por parte de personagens ou elementos controlados pelo computador para tomarem decisões e interagirem com o jogador de uma maneira mais realista.

 

Ainda que pareça tratar-se de uma inovação recente, a aplicação de IA nos videojogos remonta à década de 1990, em que alguns videojogos já continham NPCs (Non-Player Characters) com capacidade de adaptação tática às ações dos jogadores. Os avanços tecnológicos das últimas décadas, contudo, elevaram consideravelmente o nível de sofisticação da IA nos jogos.

 

Além de possibilitar um comportamento mais realista dos NPCs, a IA também pode ser utilizada para a criação de novos mundos e histórias. Alguns jogos utilizam algoritmos de IA para gerar cenários, fauna, flora e estruturas únicos, de forma automática, permitindo aos jogadores explorar universos vastos e dinâmicos, sem a necessidade de que todos os elementos sejam concebidos manualmente pelos programadores.

 

Adicionalmente, a narrativa dos videojogos pode evoluir em função das decisões do jogador, gerando experiências profundamente personalizadas. Esta adaptabilidade narrativa representa uma das maiores promessas da IA no setor do entretenimento interativo.

 

Empresas líderes da indústria têm vindo a investir significativamente em soluções baseadas em IA. Um exemplo recente é a Microsoft, que anunciou o desenvolvimento do Muse, um modelo de IA generativa que é capaz de gerar um ambiente de jogo baseado nas ações do jogador. A Microsoft está também a explorar como é que a AI pode otimizar jogos clássicos para consolas modernas.

 

Se, por um lado, observamos o avanço constante da IA na indústria dos videojogos, por outro, cabe ressaltar que nem todas as iniciativas de IA têm sido bem aceites pela comunidade de profissionais que trabalham na indústria dos videojogos ou pelos próprios jogadores. Um exemplo significativo ocorreu com os atores de voz franceses de Apex Legends, que se recusaram a assinar um contrato que continha uma cláusula que autorizaria as suas vozes para serem utilizadas para treinar modelos de AI. Este caso evidencia preocupações crescentes relacionadas com direitos de autor, privacidade e a utilização de dados pessoais para o treino de algoritmos.

 

A regulamentação europeia acompanha e começa a refletir estas preocupações. O Regulamento sobre Inteligência Artificial (Regulamento (UE) 2024/1689 de 13 de Junho de 2024) estabelece regras rigorosas para a utilização de sistemas de IA, impondo restrições com base no nível de risco associado.

 

A título de exemplo, destaca-se o facto de a utilização de um chatbot num videojogo para simular e processar conversas entre um NPC e um jogador, poder ser classificado com diferentes níveis de risco, consoante o conteúdo dos diálogos e o papel do sistema de AI na interação com o jogador.

 

O referido Regulamento introduz também a obrigação de garantir a literacia em IA por parte dos profissionais que desenvolvem ou utilizam estes sistemas.

 

Isto implica que os programadores de sistemas de AI e os utilizadores de sistemas de IA a título profissional, devem adotar medidas para garantir, tanto quanto possível, que os seus colaboradores dispõem de um nível suficiente de literacia no domínio da IA, tendo em conta diversos fatores como experiência, qualificações académicas e conhecimentos técnicos.

 

Também a nível laboral, os efeitos da crescente automação gerada pela IA já se fazem sentir. O ano de 2024 foi marcado por milhares de layoffs em diversas empresas de desenvolvimento de videojogos, estimando-se que nesse ano, 1 em cada 10 programadores de videojogos tenha sido alvo de um layoff que, em parte, poderão ter sido potenciados pela aplicação de sistemas de IA no desenvolvimento de videojogos.

 

A substituição de tarefas humanas por sistemas automatizados coloca desafios significativos, mas também pode abrir oportunidades. Pequenos estúdios com recursos limitados poderão utilizar a IA para desenvolver jogos com menos mão de obra, democratizando o acesso ao mercado dos videojogos.

 

O futuro da IA nos videojogos permanece em aberto. Os próximos anos serão cruciais para determinar se o impacto será maioritariamente positivo – promovendo inovação, criatividade e eficiência – ou se trará riscos substanciais para a ética e direitos dos profissionais envolvidos.

 

por Ricardo Cardoso e Inês Bragança Gaspar, Área de Prática – Desporto, Moda e Entretenimento

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